A Espera
Na velha estação, havia uma mulher, uma velha senhora, que sempre podia ser vista sentada em um dos bancos. Com um semblante sereno, chegava por volta das 15 horas, tirava um pano da grande bolsa vermelha, depositava-o sobre o banquinho e sentava-se sobre ele.
Logo depois, arrumava os óculos que lhe escorregavam pelo nariz e pegava um novelo de lã, duas velhas agulhas e dava continuidade ao que parecia ser uma blusa. E assim ela ficava lá, por horas, entretida em seu trabalho, mas sempre dava uma espiada para o lado do trilho. Quando a noite enfim chegava, dava um suspiro e guardava tudo cuidadosamente em sua bolsa.
Fizesse sol, chuva, frio ou calor, lá estava ela, sentada na velha estação. Na última vez que foi vista, ela havia deixado uma carta sobre o banco, um curioso transeunte, sem saber de quem era a correspondência, encontrara e lera aquelas linhas. Ali, Mariana se desculpava com Jairo, dizia sentir não poder mais esperá-lo, pois já sentia que suas forças se esvaiam e talvez não estivesse mais ali para encontrá-lo. Dizia que o amava e que jamais o esquecera em todos esses 60 anos, desde que ele partira para a guerra. E como o havia prometido, esperou e esperou, todos os dias, na Estação de Barbacena, com um presente feito por ela...

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