Crônica da coxinha
Fala a verdade, pode confessar! Você também, quando vai em alguma festa de casamento, formatura ou bodas, sempre procura pela coxinha! Isso mesmo, a coxinha, aquele salgadinho brasileiro, de origem paulista, também comum em Portugal, à base de massa feita com farinha de trigo e caldo de galinha, que envolve um recheio elaborado com carne temperada de frango. Deu até água na boca, não?
Pode ser a festa que for, com toda pompa e glamour, pode ser o bambambam da sociedade, o político mais pomposo, o médico mais renomado, a socialyte mais capa de revista, todos em seu íntimo interior, desejam a coxinha. Se o garçom serve aquele salgado refinado, canapés finos, petiscos com frutos do mar, ou aquele ovinho de codorna com patê e uma azeitona no meio, você pode até degustar, pegar um ou outro para não passar fome, ou para se passar por uma pessoa requintada, mas a verdade é que você está ali, como uma leoa na savana, aguardando com seus olhos o momento certo de atacar a bandeja de coxinha, que você ainda não viu, mas que deseja que seja servida em breve, pois você está com fome.
Vai dizer que meu texto não tem nada a ver, não é? Mas tem sim! Todos sucumbimos aos pecados da coxinha, pois não há fio de ovos, camarão ou lagosta que nos sustente ou agrade mais o nosso paladar em uma festa. Pois a verdade é que você esperou o noivo, a noiva, a debutante, o batizado, o formando ou o homenageado, não só pela cerimônia e importância do momento, mas para desfrutar das delícias da “boquinha 0800”.
Eis então o real significado da coxinha, ela é a representação total de que você foi pela festa, e festa boa tem que ter coxinha! Não há dieta que resista a uma beliscadinha, não há rico que não sucumba aos caprichos de sujar os dedos com tal iguaria das classes mais baixas... Talvez seja possível dizer que, se hoje houvesse uma releitura do Gênesis, o fruto proibido do Éden seria trocado por uma coxinha proibida.
Ah sim! Os deleites desse salgadinho! O pai gosta, a mãe gosta, o tio gosta, o menino gosta! A única certeza de sucesso é a coxinha, e todos nós sabemos disso, principalmente quando somos os convidados de uma festa. Se há coxinha, ninguém sai reclamando que os salgados estavam ruins, mas se não há a presença dessa delícia, sempre haverá aquele que dirá: “tudo muito bonito, mas os salgadinhos...”
A coxinha é o “pretinho básico” da cozinha, combina com tudo, combina com cerveja, com refrigerante, com suco, com o prato do almoço, com a janta, há quem a combine até com água e com o café da manhã! Combina com o lanche da escola, com o agrado pra visita, com a hora do recreio, do intervalo, combina com futebol, com Jornal Nacional, com a novela e até com a leitura deste periódico. Grande, média, pequena, com catupiry, de frango, de carne moída, de legumes, com ou sem azeitona, a coxinha é a “Garota de Ipanema” da festa e do buteco.
E agora, nas letras finais deste meu texto, eu sei que no seu íntimo acontecem duas coisas: A primeira é que você sabe que eu disse a verdade e, a segunda, é que te deu vontade de comer uma coxinha!

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