O incrível Tigre-Gato-Herói




Mordido por um gato radioativo, logo após ser lambido por um tigre atômico, o jovem estudante de publicidade, Gaspar Gilson, se torna o incrível Tigre-Gato-Herói, e dos confins de seu íntimo interior, ele jura defender os fracos, oprimidos, afins, et ceteras e tal.

O ROUBO AO BANCO CENTRAL DO BAIRRO PERIFÉRICO
Os bandidos estavam lá, dentro do banco, já há duas horas, cercados por toda a metade do contingente policial da cidade. Cerca de trinta pessoas eram mantidas reféns, sem água, sem comida, sem dinheiro ou plano de saúde. Educação? Muito menos.
Atrasado devido a problemas gastro intestinais decorrentes de um caldo mal elaborado na quitanda da dona Francisquinha, o, mesmo sem suporte da mídia, famoso Tigre--Gato-Herói, surge meio ao breu das fumaças de monóxido de carbono emitidas pelos carros que poluem a cidade.
— É ele! — Uma voz ecoou pela noite — O Tigre-Gato-Herói!!!!
Colocando as mãos cerradas na cintura e fazendo uma pose heróica, enquanto todos os holofotes miravam a sua figura máscula, Gaspar Gilson, vulgo Tigre-Gato-Herói achou-se, ou melhor, teve certeza que era mais pop que Che Guevara em latinha de Coca-Cola. Sem emitir um som e com seus reflexos felinos, ele saltou para o telhado do banco. Lá dentro, os bandidos tremeram de frio, devido ao não funcionamento do aquecedor.
— Vocês ouviram isso? — Um dos bandidos perguntou, olhando para o alto.
— Ouvimos o que?
— O som da justiça! — Respondeu uma voz rouca na escuridão — O sussurrar da lei! O ronronar da CLT! O sibilar das emendas constitucionais! O brado retumbante de um povo heroico!!!! O Incrível Tigre-Gato-Herói! — E como um gato, ele saltou sobre os bandidos, que loucamente dispararam contra o paladino mascarado, mas tudo foi em vão, em milésimos de minutos eles estavam no chão, amarrados.
A polícia que entrou em minutos, sabendo que seu destemido herói já havia dado cabo dos bandidos, colocou-se a algemar os famigerados gatunos.
— Mais um ótimo trabalho, Tigre-Gato-Herói! — Elogiou o Comissário Mattos.
— Fiz apenas minha humilde parte, amigo cidadão comissário. — Respondeu.
Os bandidos então, levados pelos policiais, passaram pelo herói e pelo comissário e, mesmo sendo levados presos, não perderam a oportunidade de desafiar seu captor.
— Bundão! Herói de meia pataca! Filho de uma dama de atividades promiscuas!
Gaspar Gilson, ainda sob o manto do Gato, pôs-se a soluçar e debruçou-se em lágrimas no ombro do Comissário Mattos.
— Ei! — Disse o Comissário aos bandidos — Ele é a prova de balas, não de palavras!

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