Cartas para Onilda - Infinito




Bom dia, escrevo-lhe novamente, como bem pode perceber. Espero que esteja bem, já eu, por cá, me apeguei a um enigma, o infinito... Mas não este infinito simplório de dar o universo como exemplo, e dizer que simplesmente infinito é tudo aquilo que não tem fim...
Dizem que gregos e troianos são o exemplo dos opostos que nunca se entenderão, eu por outro lado, minha amiga, acredito que os poetas e os cientistas são os opostos que nunca, em tempo algum, se encontrarão em concordância, e um exemplo disso, é este tal de infinito.

Para os homens dos jalecos brancos, como eu já exemplifiquei, infinito é tudo aquilo que não possui fim, já para os pensantes das folhas em branco, infinito é estado, contido em recipientes e continentes que escapam a lunetas, binóculos ou microscópios. O infinito pode estar num copo de café, misturado com tristeza e angústia, pode estar em um sorriso de felicidade, pode estar nos seus olhos.

O infinito não é uma coisa sem fim, pois o amor mesmo é infinito e, por vezes, chega ao fim, a um ponto final, e quando relembrado na lembrança, continua com a mesma expansão infinita! Como pode haver uma coisa dessas? Aliás, essa cousa só os seres das letras podem explicar, só quem entende que o verdadeiro universo infinito é uma folha em branca na sua frente, é quem pode definir realmente o real significado do sem fim.
Os cientistas fazem planos para explorar as estrelas, o infinito deles, e mal sabem que nós já exploramos o infinito de nós mesmos, indo e voltando, indo e voltando, indo e voltando e trazendo ou deixando lá fragmentos de nós, amarras, mágoas, amores, felicidade.... Infinito de verdade é saudade, é tristeza, é amor.... Infinita de verdade é a vida, seja ela vivida como for.
Sem mais delongas em meus devaneios e desabafos, me despeço e te reencontro no próximo pedaço de papel, escrito a mão. Lembranças a todos!
Até breve.

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