Cartas Para Onilda



Faz tempo que não escrevo-lhe cartas, minha cara, mas hoje, neste mês de novembro, cujo centenário marca o Armistício de Compiégne, senti certa necessidade.
Em minha janela, passam-se as coisas do mundo, e olha que o mundo é grande para ter coisas. Passarinhos, arco-íris, pipa, gente, bicho, o bem e o mal. Mas buscando formas entre as nuvens de chuva, encontrei a silhueta de suas memórias... ou seriam as minhas memórias? Lembrei-me de textos mágicos que pertenceram aos meu olhos, mas foram escritos por mãos muito mais talentosas do que as minhas jamais serão. Procurei e encontrei um certo açude, coisa de década atrás e que me levou a pensar se suas encantadas palavras hoje se encontram livres ao vento ou guardadas em uma gaveta qualquer, emanam da alma ou escondem-se contidas no peito, dentro do coração?
As coisas por este mundo andam tão estranhas, tão rancorosas e tão cheias de ranço, que me pergunto se sua mágica não seria necessária para ajudar a desanuviar corações e mentes. Soldados pegam em armas para conquistar ou defender, não é? E aqueles que tem o dom das palavras não deveriam então pegar em canetas, lápis e pincéis para conquistar e defender os verdadeiros valores da paz e do amor?
Bem, como disse, de minha janela fico a observar, entre um gole de café, suco ou chá, talvez não esperando por palavras suas, mas por palavras que falem de você.
Te escrevo em breve, novamente, sobre as coisas do mundo.
Até.

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