Do adeus que não veio




Ai, estás lágrimas que me chegaram com o vento,
Trazidas pelo findar de sonhos meus.
As notícias que me roubaram o tempo,
Chegam nas revelações da despedida que nunca me escreveu.
O triste som do mar que ouço agora,
Parece ecoar teu nome com doçura e melancolia,
Fazendo juras falsas que ao cair da aurora,
Tu regressaras com tua costumeira alegria.
Mas a verdade é fria e cruel,
Não me permite mais sonhar contigo.
Jamais regressaras para baixo deste céu,
Assim como jamais me livraras deste castigo.
Viúva e com o luto casada.
Tuas palavras finais ao meu ouvido juravam-me o contrário,
Juravam-me um amor imortal quando partiu à cruzada,
Mas deixaste-me apenas um testamento de calvário.
E os sonhos que eu tinha para a minha vida?
Encerrados por esta carta em minhas trêmulas mãos
Minha alma vazia, jaz sem cor, diante de tua partida.
Uma casca sem coração.
Essas ondas de sal, como as lágrimas de meu rosto.
Dei ao mar um homem que me amava,
E o mar me devolveu saudade sem gosto,
Sol sem luz, frase sem palavra.
Ai, estes mistérios do etéreo!
De levar um pedaço daquilo que um dia foi meu,
E deixar este angustiante mistério,
De uma vida ao lado de quem adeus nunca me deu.

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