Cartas para Onilda - De portas abertas




Caríssima Onilda, redobradas estimas.
Hoje uma mulher chamada Esperança saiu de sua casa com as roupas mais leves que encontrou. Vestida de verde e com o vento lhe beijando a face, seu perfume contagiou a rua com uma sensação tão inebriante, que até o coração mais ansioso se acalentou.
Houveram algumas lágrimas ao verem-na passar, assim como sorrisos. Teve gente que saiu de casa. Teve quem apareceu na janela, saindo por detrás de cortinas escuras. Teve gente abrindo as portas e alguns que assobiaram, tentaram chamar a atenção da moça.
O sol a deixava ainda mais linda, e mesmo se estivesse chovendo, duvido que a beleza dela seria diminuta. Inclusive, se fosse eu um estilista, daria ao seu vestido o nome de felicidade.
E assim foi a Esperança, travestida de felicidade, passeando pela rua da minha vila, chamando a atenção, reanimando corações, inclusive o meu.
Diz Tia Inês, que é preciso deixar sempre uma janela aberta, mesmo em dias de frio ou forte tempestade, para que a moça possa entrar ou pelo menos bisbilhotar, se preciso. Aos mais necessitados, uma simpatia é levar consigo uma foto dela, junto ao coração e, quando as vistas ficarem turvas, consultar o pequeno amuleto para a restauração da saúde da alma.
Por via das dúvidas, deixei a porta da frente escancarada e uma placa escrito "bem vinda", caso a moça fique em dúvida.
Com desejos e votos de felicidade plena a você e aos seus, me despeço até o próximo pedaço de papel.

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