Amada Madrugada

 Há quanto tempo não nos encontrávamos, eu e a madrugada.




Amada madrugada, e seus segredos mais noturnos, amores proibidos, amores secretos, amores furtivos, imaginários e desfeitos... Madrugada dos pecados, recanto dos boêmios, refúgio dos poetas, lar dos que são do mundo.

Óh, amada madrugada, quantas palavras guardei em meu peito neste silêncio autoimposto, neste pecado da preguiça de esmiuçar-me em palavras. Quantos segredos não guardei de ti? Tantos quanto as estrelas que resguarda e que de bom grado oferece-me.

Madruga, velha amiga, que bom te rever e estar contigo. Que bom dividir o copo, o corpo, a alma e as incertezas da vida com a tua filosofia libertária. Vagar na tua escuridão, na busca da luz de um olhar, qualquer olhar, qualquer brilho em faísca que em algum instante há de incêndiar meu ser, em amores que só tu podes oferecer.

Amada madrugada, que leva consigo em sua fuga do sol, todo os meu segredos e os segredos daqueles que só em ti encontram um porto de conforto qualquer.

Testemunhas minhas letras no papel, meus erros sórdidos de português e os tropeços na gramática e na vida. Tem dias que tua escuridão faz morada em meu peito, mas há dias que a minha luz ilumina os teus céus. E assim viveremos, para sempre um do outro, até que teu breu, por fim, seja sempre a única coisa que meus olhos fitarão, para todo sempre e sempre enfim.



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